Estamos vivendo o início de um novo mundo. Assim como o surgimento de novos costumes, formas de aprender, trabalhar e se entreter. A questão é: estamos preparados para o novo jeito de viver?
É difícil tentar se prender e visualizar um futuro quando tudo parece incerto, quando nenhuma informação deve ser levada em consideração por muito tempo, porque ela pode se tornar desatualizada em pouquíssimo enquanto você a está lendo, por exemplo. Acontece que precisamos visualizar esse futuro, mesmo que seja aos poucos. A crise irá passar, mas o novo jeito de enxergar e resolver problemas será diferente.
Pessoas estão passando por grandes mudanças de comportamento, se tornando cada vez mais digitais, por exemplo. Assim como líderes, que estão ressignificando a relação com a equipe e como o digital é aproveitado dentro das estratégias da empresa. Além de empresas que, de forma individual ou em conjunto, se uniram para disponibilizar serviços e produtos gratuitos, além de realizar doações.
Apesar do futuro incerto, devemos entender as novas lições que nos estão sendo apresentadas. É preciso olhar com mais calma a situação para saber o que é momentâneo e o que permanecerá.
Apesar de ser importante visualizar um futuro, não podemos nos prender completamente a ele. A qualquer momento a estratégia pode ser mudada e precisamos entender todas as possibilidades – e estarmos preparados para elas. Nem sempre é uma decisão fácil. Revisitar sempre o maior objetivo e principal caminho a ser trilhado, é uma das maiores lições que essa crise pode nos dar. Focar em uma estratégia não significa se prender somente a um caminho, mas de entender que interferências poderão mudar a direção, não o objetivo.
Uma forma de visualizar esse futuro, é buscar saber o que empresas de países que estão se recuperando aos poucos começaram a implementar ou planejam para a recuperação. Apesar de cada país estar passando por graus diferentes da mesma situação, é possível (e importante) que possamos aprender com decisões já tomadas e entender melhor as consequências delas.
Por exemplo, uma rede de restaurantes na China, vendo suas demandas despencarem, optaram por vender pratos semiprontos, aproveitando a necessidade e a vontade das pessoas de cozinhar em casa. O objetivo não foi mudado, mas a forma de chegar lá sim.
Escolher uma solução boa que não requer tanto esforço, mas que ainda assim traz resultados, ao invés da excelente, que demora mais e exige mais trabalho, nem sempre é uma péssima ideia. Existem situações que exigem determinado nível de energia e saber entender e aplicar isso pode mudar resultados, além de economizar tempo e fazer com que ele seja gasto com o que realmente importa.
Na Martin Luz, vejo que constantemente nos deparamos com essa questão: escolher a alternativa boa, efetiva e rápida, ou uma mais complexa, demorada e que, apesar de poder gerar bons frutos, pode demorar para entregar os resultados esperados? Muitas vezes, o sucesso não está na execução ou a forma que fazemos, mas nessa decisão a ser tomada.
A persistência que algumas empresas tinham – até esse momento – de acreditar que o digital é apenas um caminho, acabou. O digital é o caminho. Depois de mergulharmos no digital e aprendermos com ele a cada dia, ele permanecerá. Empresas que, de alguma forma, resistirem a transformação digital, não irão fazer parte do futuro. O futuro é digital e ele está pronto para engolir os que não são.
Um exemplo disso é como as empresas têm integrado aplicativos para estabelecer uma boa comunicação com seus clientes e colaboradores, desde as redes sociais com as lives, até as reuniões de equipes e com clientes por meio de diversos recursos digitais.
O consumidor também será diferente: mais ligado ao digital, aos canais de informação e notícia, com mais acesso à informação – visto a quantidade de livros e cursos disponibilizados gratuitamente, por exemplo – além de estar refazendo sua própria rotina e costumes diários.
Outro exemplo de que já estamos vivendo o novo mundo, é a forma que as empresas investem na publicidade. Se antes a publicidade no digital poderia ser uma alternativa, hoje ela se tornou quase que necessária, independentemente do mercado.
Costumo dizer que sempre me preparei para essa crise. Desde o dia em que abri a Martin Luz, sabia que esse dia iria chegar: o dia em que as decisões mais difíceis precisariam ser tomadas. E, depois que essa crise passar, outra irá surgir. Isso não quer dizer que devemos sempre pensar no pior, mas que as crises surgem para que possamos nos reinventar como empresas e pessoas. Enquanto uma crise não chega, devemos focar em como podemos nos tornar melhor do que somos.
Viver uma crise exige de nós uma nova forma de ver as coisas e enxergar oportunidades onde pode parecer que não há. Também está ligada a abandonar ideias e planos. Essa nova perspectiva deve se manter mesmo depois que as dificuldade passarem: entender que nem toda estratégia é o melhor e único caminho a ser trilhado e que não podemos deixar de lado as outras possibilidades.
Pensando nisso, muitas empresas têm optado por soluções a longo prazo. Por exemplo, uma empresa na China, ao invés de optar pela demissão de colaboradores, escolheu incentivá-los a atualizar sistemas e processos já realizados, além de aprimorar habilidades e conhecimentos com o incentivo da educação e buscar formas de melhorar produtos – mudanças essas que podem ser importantes para um momento de venda pós-crise ou até mesmo durante uma nova.
Isso representa uma visão de, não só sobreviver a uma crise, mas de se revolucionar com ela e fazer com que colaboradores e clientes tenham esse mesmo pensamento. Um pensamento que deve ser firme durante e após a crise.
Se antes as crises eram vistas como tragédias, hoje podem ser vistas como oportunidades. Um exemplo disso, é a quantidade de startups que nasceram na crise de 2008, principalmente se contarmos as empresas que tiveram (e têm) sucesso com a decisão de abrir um negócio durante uma crise. Não se trata somente de sair da crise bem, mas de poder fazer algo realmente relevante e importante com ela, como torná-la oportunidade.
Estamos vivendo o nascimento de um novo normal. Ainda não sabemos como ele irá funcionar e quais serão todas as consequências que a crise deixará, mas sabemos que esse período poderá ser uma oportunidade de aprendizado – e por que não dizer – de crescimento. O que fazemos com nossas perspectivas e decisões é o que pode mudá-lo.
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